Um estudo do professor Andrew Clare, da universidade
Cass Business School, de Londres, mostra
que nossos primos próximos também podem ser eficientes em tarefas mais
complexas, como a de gerir investimentos.
Clare e sua equipe realizaram
uma pesquisa que comparou o desempenho de carteiras de ações escolhidas
aleatoriamente com os índices de mercado. O resultado: em todos os
casos, as carteiras escolhidas pelos macacos bateram os índices. A imagem clássica é a de comprar
as ações que um chimpanzé indicar em uma página de jornal que traga as
cotações da bolsa. Obviamente incapaz de ler, o macaco faria escolhas
100% aleatórias, sem as restrições racionais do gestor.
O experimento de Clare consistiu em comparar o desempenho de dez
milhões de carteiras de ações americanas entre 1968 e 2011. Para fazer
isso, o professor não recrutou um exército de primatas do zoológico mais
próximo e os submeteu a incansáveis sessões de escolha. “Usamos um
algoritmo de computador para gerar as carteiras, estatisticamente
aleatórias”, diz ele. A pesquisa foi simples. Os macacos, isto é, os
computadores, tinham de montar uma carteira com mil ações. Cada uma
teria 0,1% de participação nesse portfólio, e não havia limite para o
número de vezes em que uma ação pudesse ser escolhida. A intenção de
Clare era estudar o efeito da incerteza sobre os investimentos, mas ele
admite que o resultado o surpreendeu.
Na média, um investidor que tivesse colocado US$ 100 no mercado
acionário americano no início de 1968 teria pouco menos de US$ 5.000 no
fim de 2011. No entanto, metade das carteiras “simiescas” rendeu US$
8.700, 25% renderam US$ 9.100 e 10% delas obtiveram um ganho superior a
US$ 9.500. “Praticamente todos os macacos obtiveram um resultado melhor
do que o do índice ponderado do mercado”, diz Clare. Calma. Não largue a
revista e corra para o zoológico levando um cheque. A intenção da
pesquisa de Clare não foi confirmar que os macacos são mais inteligentes
que os gestores de fundos, mas demonstrar como é ruim a ideia de
investir em um fundo que simplesmente reproduz um índice de mercado, como o Índice Bovespa.
Andrew Clare, da Cass Business School: "o resultado nos surpreendeu.
Em 100% dos casos, os macacos bateram os índices"
Em índices desse tipo, algumas ações têm participação maior do que
outras. Por exemplo, papéis como Petrobras e Vale são muito mais
importantes do que ações da BR Properties, que será incluída na próxima
carteira teórica do mercado. A pesquisa de Clare mostrou que, embora
tenha superado os índices, a maioria das carteiras aleatórias perdeu
daquelas que têm gestão ativa e empregavam metodologias de redução
eficiente do risco. Uma parte da explicação está na maldade da
estatística. “Ao se comparar um grande número de carteiras, os
resultados tendem a convergir para a média”, diz William Eid Júnior,
professor de finanças da FGV de São Paulo. Essa característica numérica
ressalta o trabalho de um grande número de gestores medíocres, e empana
os bons serviços dos especialistas no assunto.
Também há a distorção provocada pela cobrança de taxas de
administração, pelos custos de registro, corretagem e de auditoria.
Outra parte da explicação é que a maioria dos gestores tenta reduzir os
riscos. O ideal para um profissional que administra um fundo que segue
um índice é cair menos do que o indicador em tempos de baixa. Para
conseguir isso, o gestor tende a optar por estratégias conservadoras,
que reduzem as perdas em potencial, mas que têm a desvantagem de
apresentar lucros abaixo da média do mercado em momentos de valorização.
“Ao defender-se das perdas, o gestor também acaba abrindo mão dos
ganhos, o que piora o desempenho no longo prazo”, diz Eid. Como
ganhar, portanto? “Quem investe em um fundo de ações deve investir,
antes de mais nada, na competência da equipe de gestão”, diz o
consultor-financeiro independente paulista Fernando Costa.
Suas recomendações para escolher um fundo de ações ativo são duas. A
primeira é comparar o desempenho do fundo específico com outros fundos
da categoria e com os principais índices de mercado por um período de,
no mínimo, três anos, dedicando especial atenção aos momentos em que a
bolsa cai. “O diferencial de um bom gestor está nos momentos de crise”,
diz Costa. “Com o mercado em alta, todo mundo é genial.” A segunda é
verificar a consistência do patrimônio desse fundo nos mesmos três anos.
Se a carteira mostrar grandes saques e grandes aplicações sucessivas,
ela tenderá a ser mais arriscada, pois o gestor poderá ser obrigado a
vender ações que ainda têm espaço para subir, apenas para honrar os
saques dos clientes. Traduzindo: os macacos podem ser melhores que um
índice, mas não são páreo para um bom gestor.
interessante
ResponderExcluirOlá Sonny! gostei do teu blog, especialmente do post Não pense, estude
Excluirgrande abraço
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirOlá Pastor,
ResponderExcluirArtigo muito interessante.
Isso mostra que para ganhar dinheiro na bolsa de valores não requer métodos mirabolantes ou robôs sofisticados, basta um carteira bem balanceada de acordo com a estratégia adotada.
Exatamente Aroldo! Futuramente vamos fazer 3 carteiras, uma real e duas experimentais e acompanhá-las no decorrer dos anos (uma totalmente aleatória, uma pelo método de Greenbalt e uma mais fundamentalista). Vamos ver o que sai no futuro.
Excluirum grande abraço e obrigado pelo seu comentário
E vc Pastor, investe tb em fundos?
ResponderExcluireu invisto no Bogari. Comecei por ali, fiz o aporte e não mexi mais, de outubro do ano passado até agora há 5% positivo só vou mexer ali quando tiver com a seleção completa das empresas. Sacar cedo é igual imposto de renda de 20% :( espero que os meus gestores façam alguma "macaquice" para melhorar isso.
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